sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O "Antes e Depois"

Para melhor entendimento acerca deste trabalho anteriormente descrito,  passe o "rato" por cima das fotos para ver o

"Antes e Depois".
Vista de cima


Eixo Traseiro



Pormenor do Fundo (as tais "partes intimas da Gigi"...) 

Frente


Interiores


Pormenor Botão Starter


Vão do Motor


Lateral 01


Lateral 02


Suspensão da Frente


Traseira 01


Traseira 02


Resultado Final

Com um  (milimétrico) movimento, estão meses de trabalho, muito trabalho...!

Resumindo:

Foi muita sorte o facto de ter encontrado e comprado, ao amigo Enrico, esta “Belvedere”, muito completa e direita, apesar de muito ferrugenta.

O “eBay” e a “Internet” em geral, foram uma grande ajuda, para encontrar as peças que seriam muito difíceis de encontrar de outra forma.

Igualmente a ajuda de algumas pessoas e em especial do Ricardo, meu “entusiasmador”, que muito me ajudou neste “sonho comum”, inclusive na arquitectura deste blog.

Já me foi atribuída a nova matrícula: GG-19- .. (outro bom augúrio: GG de Gigi...!), agora só falta a emissão dos documentos, para que (esta imigrante, ainda ilegal) possa circular, que é isso que ela quer, mostrando a sua "juventude restaurada", pavoneando-se ao lado daqueles que poderíam ser seus netos...!
(Nota do autor: No dia 07 de Janeiro de 2011, recebi, finalmente, os documentos depois de algumas rectificações.)

Quero agradecer muito a paciência de quem lê, participa e comenta neste "blog", muito simples e despretencioso, que afinal, mostra uma tarefa, que me deu MUITO trabalho, mas também muito prazer e que, sobretudo me manteve activo naquilo que me dá muito gosto, que é:

"Dar vida útil a objectos de Arte da Mobilidade,
que estariam condenados a desaparecer"!

Costumo dizer que os meus "automóveis antigos", são as Minhas Amantes, já que lhes dedico muito do meu Tempo, Dinheiro e... Amor!

A seguir, em Outubro:
Já está editado o pequeno video prometido, intitulado:
"Os pimeiros passos da Gigi em Portugal". 


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O restauro da "Gigi" - Parte V

Fizemos a montagem dos vidros, respectivas calhas e borrachas mandadas vir de Santo Stino di Livenza. Este foi dos trabalhos mais exigentes, pois tinha de ser tudo aparafusado, quase ao mesmo tempo em três canais diferentes. Não esquecer que tínhamos de manusear os vidros com muito cuidado, para evitar acidentes, além da dificuldade de arranjar outros com o "securit" gravado...

A instalação da capota nova, assim como o arranjo dos estofos, ficou a cargo de Joaquim Duarte, estofador. Digo arranjo, porque a tarefa foi pouca,  já que aproveitei os estofos originais, depois de bem lavados e desencardidos, substituindo só os que estavam rasgados e em muito mau estado.


Igualmente, restaurei os tapetes de borracha, aproveitando-os mesmo com alguns sinais de uso prolongado.

Foram adicionados os lubrificantes indicados ( Óleo do Motor: "Pennzoil" Sae 20/50 e Penrite HPR90 no diferencial e caixa de velocidades). 

Quando acionámos o "mise-en-marche", foi uma alegria ao ouvirmos o trabalhar certo e "quase arrogante" deste pequeno motor, que estava "mudo e quedo" há mais de vinte anos!
Temos máquina!

O volante foi montado.
O centro do volante, tem uma modificação da época, relacionada com a "tal" lei italiana, que obrigava a ter um interruptor de código de luzes e o próprio botão do "clacson".
Maneira engenhosa de se estar legal, sem alterar a originalidade, melhorando a segurança na condução.
Todos estes elementos foram restaurados e


depois  montados.

Foi mantido o corta corrente,

acessório da época,  que além desta função, também é tranca-direcção!


Depois de tudo montado, fui ao "Luís dos Escapes", fazer uma “colonoscopia” à jovem senhora (vedar as uniões do escape novo e verificar a junta do colector).


Os acabamentos, que são sempre muitos, foram efectuados por mim, por vezes até altas horas da madrugada, com a companhia da fiel “Fräulein” (cadela Grand Danois), sempre ao meu lado.


Pena é que ela só fale “cãonamarquês”, porque quando lhe pedia uma peça, ou uma ferramenta para me ajudar, olhava para mim, revirava os olhos e… voltava a adormecer!

Depois foram as afinações e ajustes.

Ao fazer as provas de estrada, tivemos de ter em conta que estes (modestos) 16,5 CV de força, não são exactamente as "coudelarias inteiras" que se conseguem "atrelar" aos  automóveis de hoje em dia...
Apesar dos limites, "ela" consegue cumprir a sua missão a que foi destinada nos "anos cinquenta" (já lá vão perto de "sessenta anos"!), que era dar mobilidade a famílias do "pós-guerra", com a filosofia actual de "MPV" (Multi Purpose Vehicle), não só em Itália, como pela Europa fora, e não só...

Ao fim de cerca de seis meses, considero terminada a tarefa de restauro!

Todo este trabalho, foi executado com muito critério e cuidado, indo ao “pormenor do parafuso”.

Já começo a sentir um vazio nostálgico do "não ter mais para fazer..."

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O restauro da "Gigi" - Parte IV

Depois de reparada de chapa, foi transferida para o “mestre” das pinturas de automóveis, que é a firma de Raimundo Branco, em Frielas, Loures.

                  O "Mestre" Raimundo a supervisionar o desembarque da carcaça da Gigi.

Foi escolhida a cor.
Na primavera de 1951 apareceu a "Belve" metálica, com uma palete de cores muito variada: dois tons de azul, verde, cinzenta clara, castanha, etc., o que veio alegrar as estradas europeias, fugindo aos tons escuros e tristes em que, geralmente se "vestiam" as viaturas da época.
Inicialmente gostava do verde mas, como o meu Ford de 1929 é dessa cor, optei por outra que vi numa foto de outra "Belvedere", dum sócio do Club Topolino de Itália, e que por coincidência, era a cor original da Gigi.

"Passou" a castanha, com fundos em creme.
A preparação foi muito cuidada, durante vários dias de trabalho.


"Ela", aqui orgulhosa ao lado de um Ferrari (parente rico), que estava na mesma "linha de preparação"...


Deu-se a primeira "de mão", o que já dava ideia como a cor final iria ficar.
Assim voltou à cor original…!
Vai ficar LINDA!


Depois de várias "de mãos", ficou com a cor principal. Depois foi isolar esta pintura e pintar as "almofadas" das portas e ilhargas, com a cor mais clara.

Vai ficar um "espanto"!

Através do "eBay", comprei no Pneustore (Itália), um jogo de pneus com as medidas 125R15 (sendo esta a medida equivalente aos 4,25X15 da época), com a marca "Vee Rubber", muito apreciados pelos utentes dos foruns dos "2CV".

O próprio rasto é muito semelhante aos dos Michelin X, estes em uso no "500 C" de 1951.

Foram montados nas jantes, que tinham sido préviamente desamolgadas, torneadas e pintadas com a cor Fiat.


                  Ainda falta, nesta fase, pintar o bordo exterior na cor principal.


O Sr. Machado, depois de armar os bombitos novos dos travões, e los tubos de frenos Argentinos,


nas polies, foi “pendurá-los”, com a minha ajuda, assim como o diferencial, no chassis, onde eu já tinha montado o motor, caixa de velocidades e demais órgãos de mecânica.



                 Aqui dava vontade de pôr um banco, volante e ir dar uma volta...




Levei o chassis, pronto de mecânica, para a oficina de pintura, onde a "carcaça" o esperava


e ali foram “unidos para sempre”!

Já dava para vislumbrar o projecto final...

O entusiasmo aumentou com a chegada da (agora) “la nuova italiana” a casa!



Iniciei a montagem do “chicote” de electricidade, que foi mandado vir da Suiça (Mr. Ezio Casagrande). Sendo tudo instalado conforme o original, (excepto uma "transformação caseira", feita pelos antigos donos, que trazia um interruptor de parede (220V), mais ou menos dissimulado, para ligar os quatro piscas...


Foi removido, evidentemente!)


Instalei (novos) farolins originais,


porque os que “ela” trazia (do Fiat 1400),


eram fruto de uma lei italiana dos anos sessenta, que obrigava todos os veículos a terem luzes independentes na retaguarda, retirando a originalidade aos antigos.
Estes, redondinhos, têm a particularidade de na mesma lâmpada, fazer “stop e pisca", comandado por um interruptor de sete contactos.
A verdade é que estes desempenham a sua função na perfeição!

Chamei mais tarde um electricista para ajudar a resolver um pequeno problema com uns “relais”, que quis manter, pois era uma mais valia para a intensidade luminosa e aumento da segurança.

Sim, porque dizer-se  "veículo é antigo", não quer dizer que seja menos seguro do que as viaturas circulantes, hoje em dia! 

Pelo menos é o meu entender e objectivo, assim como os outros utentes deste tipo de viaturas, apoiados por organismos como o Club Português de Automóveis Antigos e o ACP "Clássicos", através das suas recomendações e inspecções regulares (e bastante rigorosas)!

(continua)


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sábado, 18 de setembro de 2010

O restauro da "Gigi" - Parte III

Por sugestão do amigo José Pinto (ex-apresentador/editor do “Rotações” e "Máquinas" da RTP), levei a "carcaça", jantes e "chassis" para o jacto de areia e metalização, para a zona de Abóboda,


onde na metalúrgica do “Tó Zé”, fizeram um trabalho muito cuidado, evitando os paineis, para que não ficassem "ondulados".


O chassis foi depois termolacado na Calçada de Carriche.


Ficou um “mimo”!

Ainda ficou melhor do que quando foi feito em 1953, nas instalações da Fiat-Mirafiori em Torino!

O resto das suspensões e transmissões foram “trabalhadas”, cá em casa por mim e com a ajuda do Ricardo.

Igualmente, as peças de aluminio foram limpas e polidas, autêntico remédio "anti-stress".



Comecei a montar as peças fixas no chassis, nomeadamente a nova bomba central de travões, caixa de direcção e molas da suspensão,


enquanto a “carcaça” estava a ser reparada em Camarate.


Além dos “fundos” novos (a tal lingerie que trouxe da Época Car), tive que comprar uns guarda-lamas traseiros

e pára-choques novos que, por sorte apareceram nessa altura no eBay, pois estavam muito podres!

Entretanto, pintei os ferros da capota, frisos interiores e "tablier" com o castanho "Fiat", que é comum a todos os modelos do "500 C".

(continua)


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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O restauro da "Gigi" - Parte II

Mas, continuando...

Com a ajuda do Sr. Machado, “mecânico multi-marcas”,  começámos a separar a carroçaria do chassis.


Com a falta de equipamento e voluntários para executar a tarefa, valeu-nos a "massa cinzenta" e o espírito do "desenrasca à portuguesa"!


Depois de "descolado" o chassis da carcaça, foi analisado.
As suspensões foram retiradas para restaurar os travões, amortecedores, diferencial etc..


Aqui via-se o resultado de mais de cinquenta anos de uso: a ferrugem fazia uma pasta rígida com o lixo, terra, e alguns lubrificantes dos outros tempos!
Foi muito difícil de  limpar!


Os tubos de travão estavam podres e entupidos.
Mandei vir uns novos da Argentina.

Dois dos amortecedores (babados), foram substituídos por outros que tinha "em stock"...
"Guarda o que não presta, verás como te faz falta"!
Lá diz o povo na sua infinita sabedoria...

A suspensão da frente tinha algumas folgas, que tinham de ser anuladas com os encasquilhamentos adequados.

O diferencial estava em bom estado, sem folgas, o que já era muito bom! Depois de limpo e preparado,foi pintado e arrumado, para futura instalação.

Não foi fácil "arrancar" as peças do chassis, mas com persistência e ferramenta adequada, lá se conseguiu "pôr tudo a nu"...!


Depois de limpo o chassis, até deu para brincarmos, fazendo uma espargata com os “remains”…


A Gigi, ficou com as "partes baixas" no chão, até ir para o "descasque" (jacto de areia e metalização) e lifting das "peles penduradas e acnosas" (bate-chapas)...


Pelo menos dois baldes cheio de lixo, foram enviados para o contentor.
A Gigi devia estar a gastar mais uns "litrinhos" do que devia...

Uff!.. Deu cá um trabalhão...!

Mas, "ainda a procissão vai no adro..."

(continua)


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terça-feira, 14 de setembro de 2010

O restauro da "Gigi". Parte I

Nota do Autor:
Antes de iniciar estes próximos capítulos, tenho que chamar a atenção daqueles que "não dão a mínima" para questões de mecânica.
Vou tentar fazer uma descrição o mais curta e suave possível, mas não posso deixar de publicar fotografias um pouco mais susceptíveis de chocar pessoas mais sensíveis...
Estas referem-se às "partes intimas da Gigi..."
Desde já as minhas desculpas.
Se por acaso estiverem presentes crianças ou pessoas alheias a este tema, devem ser esclarecidas destes conteúdos.
Obrigado.
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Depois da movimentação provocada com a aquisição e transporte, “assentámos” um pouco e começámos a pôr tudo em ordem.

Para começar, entreguei ao “despachante” os documentos para legalização da “imigrante italiana”.


Depois de guardar as peças já restauradas pelo Enrico, começámos a catalogar as soltas.


Foi tudo fotografado ao pormenor, para que quando surgissem dúvidas, pudéssemos socorrermo-nos desses elementos de “prova futura”.

Etiquetas em tudo que se retirasse e guardar nas caixas respectivas.

Foi montada uma “mesa de operações” para se efectuarem os trabalhos de bancada.

Aqui foram feitos os trabalhos mais delicados.

Tudo o que era frágil, como faróis, farolins, vidros e interruptores, foi guardado de forma que não sofresse de acidentes evitáveis.



A dificuldade de encontrar peças de viaturas com estas vetustas idades, é muito grande.

Esta em causa, já tem a bonita idade de 57 anos!!! (Respeitinho!)

Como o motor e caixa estavam já separados, levei-os a Leiria para serem revistos pelo “grande mestre” de Fiat’s neste país.


Grande amigo, (preparador de carros de rally, como de Ramiro Fernandes, António Monteiro e colaborador e amigo de grandes “astros do asfalto”, como Maku Allen e outros), que é o Sr. João Oliveira, para os amigos “João Torneiro” (para mim: "Joãozinho", simplesmente).


Fez um trabalho excelente, como é costume.

Quanto ao motor, disse-me: “Abri e fechei, porque estava em óptimas condições!”
Melhor...

Quanto à caixa de velocidades é que teve de ser desarmada à força, porque o lubrificante dos "anos oitenta" e os longos anos de inactividade, tornaram o fluido em  “ponto caramelo”, como se diz em gíria pasteleira.
Serviu uma caixa extra, que eu tinha, para ajudar a resolver esta situação.

Depois de se esvaziar a “carcaça”, começámos a restaurar todos os elementos que podíamos.


Depois de limpos e desengordurados, eram pintados e embalados nas respectivas caixas, tudo por ordem.

Alguns elementos tiveram de ser adquiridos novos, ou usados de várias procedências. Desde os Estados Unidos, Alemanha, Suíça, Argentina, França, Portugal, mas sobretudo de Itália, “terra natal” da nossa “desventrada” Gigi.

A Internet é um precioso meio, hoje em dia, para termos acesso a informação e localização do que pretendemos.

Pergunto:
Como conseguíamos dantes?
Talvez não tão bem, nem tão rápido, mas conseguiamos!

Só de me lembrar que para restaurar o outro Fiat 500 C, demorei cerca de 5 anos…
Foi obra...!

(continua)


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