sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O restauro da "Gigi" - Parte V

Fizemos a montagem dos vidros, respectivas calhas e borrachas mandadas vir de Santo Stino di Livenza. Este foi dos trabalhos mais exigentes, pois tinha de ser tudo aparafusado, quase ao mesmo tempo em três canais diferentes. Não esquecer que tínhamos de manusear os vidros com muito cuidado, para evitar acidentes, além da dificuldade de arranjar outros com o "securit" gravado...

A instalação da capota nova, assim como o arranjo dos estofos, ficou a cargo de Joaquim Duarte, estofador. Digo arranjo, porque a tarefa foi pouca,  já que aproveitei os estofos originais, depois de bem lavados e desencardidos, substituindo só os que estavam rasgados e em muito mau estado.


Igualmente, restaurei os tapetes de borracha, aproveitando-os mesmo com alguns sinais de uso prolongado.

Foram adicionados os lubrificantes indicados ( Óleo do Motor: "Pennzoil" Sae 20/50 e Penrite HPR90 no diferencial e caixa de velocidades). 

Quando acionámos o "mise-en-marche", foi uma alegria ao ouvirmos o trabalhar certo e "quase arrogante" deste pequeno motor, que estava "mudo e quedo" há mais de vinte anos!
Temos máquina!

O volante foi montado.
O centro do volante, tem uma modificação da época, relacionada com a "tal" lei italiana, que obrigava a ter um interruptor de código de luzes e o próprio botão do "clacson".
Maneira engenhosa de se estar legal, sem alterar a originalidade, melhorando a segurança na condução.
Todos estes elementos foram restaurados e


depois  montados.

Foi mantido o corta corrente,

acessório da época,  que além desta função, também é tranca-direcção!


Depois de tudo montado, fui ao "Luís dos Escapes", fazer uma “colonoscopia” à jovem senhora (vedar as uniões do escape novo e verificar a junta do colector).


Os acabamentos, que são sempre muitos, foram efectuados por mim, por vezes até altas horas da madrugada, com a companhia da fiel “Fräulein” (cadela Grand Danois), sempre ao meu lado.


Pena é que ela só fale “cãonamarquês”, porque quando lhe pedia uma peça, ou uma ferramenta para me ajudar, olhava para mim, revirava os olhos e… voltava a adormecer!

Depois foram as afinações e ajustes.

Ao fazer as provas de estrada, tivemos de ter em conta que estes (modestos) 16,5 CV de força, não são exactamente as "coudelarias inteiras" que se conseguem "atrelar" aos  automóveis de hoje em dia...
Apesar dos limites, "ela" consegue cumprir a sua missão a que foi destinada nos "anos cinquenta" (já lá vão perto de "sessenta anos"!), que era dar mobilidade a famílias do "pós-guerra", com a filosofia actual de "MPV" (Multi Purpose Vehicle), não só em Itália, como pela Europa fora, e não só...

Ao fim de cerca de seis meses, considero terminada a tarefa de restauro!

Todo este trabalho, foi executado com muito critério e cuidado, indo ao “pormenor do parafuso”.

Já começo a sentir um vazio nostálgico do "não ter mais para fazer..."

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